(01/09/2017) Falta de combustível afeta navegação de longo curso
Ao menos 12 navios tiveram problemas de abastecimento no porto de Santos (SP) desde segunda-feira devido à falta do combustível marítimo (bunker), fornecido pela Petrobras. Os atrasos variaram de três a quase 24 horas e algumas embarcações seguiram viagem sem todo o combustível contratado, conforme o Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado São Paulo (Sindamar).

Um porta-contêiner ficou quase 24 horas esperando o fornecimento de bunker após terminar a operação. Concluiu a movimentação de cargas na quarta-feira às 14 horas, mas zarpou ontem às 11h42 do dia seguinte.

O custo fixo diário de uma embarcação varia de US$ 12 mil a US$ 80 mil, dependendo do porte. "O problema vem desde junho, mas se agravou nos últimos dias", disse José Roque, diretor-executivo do Sindamar. "A Petrobras fecha o contrato de abastecimento sem ter como entregar. Navio tem compromisso comercial. É um descaso, falência operacional. Não estamos no fundo do poço, estamos cavando o poço."

Os navios mais afetados são os de cabotagem - que fazem a navegação doméstica - e os chamados "tramp", que não têm linha fixa e são contratados por viagem. Mas também os de linha regular de longo curso - que fazem as rotas internacionais - enfrentam problemas. A Hamburg Süd, armador líder nos tráfegos brasileiros, tinha até ontem quatro navios com atrasos de seis a 12 horas em Santos. Desde 2015, devido a restrições como a atual, os armadores de longo curso passaram a trazer os navios para o Brasil já abastecidos. Mas há casos em que precisam do fornecimento aqui.

Segundo a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), a situação ocorre desde o início de agosto. Os casos mais problemáticos são em Santos, Belém (PA) e Praia Mole (ES). "Tivemos a informação [no mercado] de que a restrição seria porque a Petrobras estaria priorizando o fornecimento de óleo combustível para as termelétricas, mas não estamos numa época de crise hídrica. É pouco provável que seja por isso. É um argumento que não foi muito bem entendido", disse o presidente da Abac, Cléber Lucas.

Questionado se as companhias de navegação pretendem buscar novas fontes de suprimento, Lucas disse que os ativos logísticos dessa cadeia estão hoje concentrados nas mãos da Petrobras, o que dificulta a importação. Particularmente na cabotagem, o caso é ainda mais problemático. "Nossos navios são restritos à costa brasileira. Não temos alternativa de ir para outro país para carregar", disse.

A Petrobras confirmou que um "inesperado aumento na demanda de óleo combustível" impactou "de forma excepcional" a oferta de bunker no país. A estatal atribuiu as restrições na oferta ao aumento do consumo das termelétricas.

"A Petrobras participa do suprimento do Brasil com diversos derivados de petróleo, inclusive combustível marítimo e óleo combustível para uso termelétrico. Tais produtos, apesar de não terem as mesmas especificações, são produzidos a partir da mesma corrente. Recentemente, houve um inesperado aumento na demanda de óleo combustível, decorrente do aumento do despacho das usinas termelétricas que impactou, de forma excepcional, a oferta de combustível marítimo e óleo combustível", informou em nota.

A estatal esclareceu ainda que vem trabalhando para restabelecer a normalização da oferta do derivado nos portos ao longo de setembro e que vem atuando junto aos seus clientes para minimizar eventuais impactos, sobretudo para a navegação de cabotagem.

O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, disse ontem que as restrições na oferta de bunker não preocupam por ora. "Não vejo nada grande ainda. Não é um problema que esteja nos preocupando no momento", afirmou o diretor, durante cerimônia de assinatura dos contratos de concessão arrematados na 4ª Rodada de áreas com acumulações marginais.

Fonte: Valor Econômico, Fernanda Pires e André Ramalho, 01/09/2017.

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