(24/08/2017) Sindicatos do ES divergem sobre privatização do aeroporto e da Codesa
A proposta de privatização do Aeroporto de Vitória e da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), incluídos no pacote do Governo Federal, dividiu opiniões no estado. Enquanto o Sindicato do Comércio de Exportação e Importação (Sindiex) acredita em melhorias estruturais trazidas pela entrega dos setores à iniciativa privada, o Sindicato da Orla Portuária e o Sindicato dos Aeroportuários acreditam que a sociedade perde com a proposta.

Em entrevista ao Bom dia ES, o presidente do Sindiex, Marcílio Machado, afirmou que não entende por quê as privatizações não aconteceram antes. Machado disse que a classe aguarda a conclusão das obras de dragagem no Porto de Vitória, iniciadas em 1998. "São quase 20 anos. E agora estamos num ponto crucial de decisão com relação à competitividade do comércio exterior, por conta da convalidação dos incentivos fisciais. O Fundap vai durar mais oito anos. Se não investirmos no que precisa ser feito na infraestrutura portuária e aeroportuária, não vamos conseguir competir com outros estados", alegou.

Marcílio Machado ainda acredita que a administração privada é melhor do que a pública, que considera burocrática e centralizada. O presidente do Sindiex citou o exemplo do Porto de Itapoá, em Santa Catarina. "Hoje, por exemplo, nossa concorrência maior é com Santa Catarina. A administração do porto de lá é privada. Como uma administração pública vai competir com a agilidade e com a eficiência de investidores privados? As cargas que poderiam sair dos nossos portos estão sendo feitos por outros", afirmou.

Para o presidente do Sindicato Unificado da Orla Portuária (Suport-ES), Ernani Pereira Pinto, após privatizações, é comum que o patrimônio público seja depredado, sem que haja um retorno à sociedade.

"Hoje em dia, não existe mais espaço para esse discurso de que o que é privado é melhor. Privatizemos então os políticos. Queremos empresas públicas superavitárias, capaz de gestão, que deem retorno para a sociedade e não sejam currais para aqueles que estão gestando a máquina pública", destacou.

Funcionário da Infraero e integrante da Comissão de Mobilização Contra a Privatização, Henrique Sarmento trabalha atualmente no Aeroporto de Vitória, mas atuou por muitos anos em Campinas, São Paulo. Ele usou o exemplo do Aeroporto de Viracopos, que foi privatizado, para ser contrário à medida que inclui o terminal capixaba.

"Quando Viracopos foi privatizado, as tarifas foram aumentadas, as obras não foram concluídas. Campinas era um aeroporto superavitário, a concessão fez com que falissem. Não aguentaram quatro anos de administração privada. Sem contar que são privados no lucro, mas os custos são públicos, a Infraero gasta para investir", salientou.

Um ano antes da concessão, segundo Henrique, o Aeroporto de Campinas foi eleito o melhor terminal de cargas da América Latina, competindo com outros administrados pela iniciativa privada. "Ficamos à frente de aeroportos como de Buenos Aires, da Cidade do México, de Lima. Mas com a privatização, a tarifa do estacionamento dobrou de valor, foram criadas diversas taxas. O aeroporto é um serviço à população, não deve dar lucro para dois ou três empresários", concluiu.

Fonte: Portos e Navios, 24/08/2017.

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