(31/08/2017) Cargill ganha musculatura e expande negócios com grãos

Depois de quase dobrar de tamanho no Brasil entre 2011 e 2016, mesmo em meio ao acirramento da concorrência entre os grandes grupos globais de agronegócios, a americana Cargill já começou a "incorporar" as ampliações de capacidades de produção e logística derivadas dos investimentos dos últimos anos para, no mínimo, manter o forte ritmo de crescimento no país.


Consolidados na subsidiária Cargill Alimentos, os resultados brasileiros da múlti no ano passado fortalecem o cenário positivo traçado por Luiz Pretti, presidente da empresa. A despeito das turbulências políticas e econômicas, a receita líquida consolidada alcançou R$ 33,1 bilhões, ante R$ 32,8 bilhões em 2015, e o lucro líquido aumentou 48,8%, na comparação. A Cargill Agrícola, que reúne quase todas as operações (grãos, óleos e gorduras, amidos e adoçantes, cacau e chocolate), exceto nutrição animal, registrou receita de R$ 32,3 bilhões. Em relação a 2011, a alta é de 80%. "Somos responsáveis pela segunda maior margem de contribuição do grupo, atrás dos EUA", diz Pretti.


São números já conhecidos - a companhia divulgou seu balanço em abril -, mas aos quais Pretti recorre para reforçar que os aportes feitos nos últimos seis anos estão gerando os resultados esperados. O executivo lembra que, no total, esses investimentos somaram R$ 3,8 bilhões, 75% voltados à infraestrutura, sobretudo logística - só em portos, sobretudo no Arco Norte, foram R$ 540 milhões. Apenas em 2016, os aportes totais alcançaram R$ 775 milhões, concentrados em infraestrutura mas também na ampliação da unidades de processamento de soja em Três Lagoas (MS), que absorveu R$ 240 milhões.


Com a ampliação da estrutura logística, nossa originação de grãos, tem espaço para crescer. E a expansão da unidade de Três Lagoas é a prova de que estamos olhando para o mercado brasileiro no longo prazo", afirma Pretti. Ele lembra que o segmento de grãos - soja e milho, basicamente - responde pela maior parte dos negócios da Cargill Agrícola. Em 2017, os investimentos deverão cair para cerca de R$ 400 milhões, mas o executivo diz que a queda é normal. "Agora temos que aproveitar a capacidade que criamos com os projetos dos últimos anos".



O contínuo aumento da originação tem sido o principal alicerce do incremento da receita da empresa, que é uma das cinco principais exportadoras do país. E além da logística, afirma o executivo, a estratégica da Cargill de concessão de crédito aos agricultores tem se mostrado decisiva para os negócios. Pretti realça que isso ficou claro neste ano, em geral marcado pela resistência dos produtores de grãos em vender suas colheitas, em virtude da retração de preços especialmente no primeiro semestre.


Ele lembra que a Cargill a única empresa do segmento que tem um banco próprio, o Banco Cargill, e explica que o 'funding' fica mais barato pelo fato de a empresa ter acesso aos ativos que lastreiam a emissão de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), uma opção cada vez mais procurada no mercado financeiro. Como suas concorrentes, estrangeiras e nacionais, a múlti também elevou a aposta no "barter" [troca de insumo pela colheita futura] para ampliar a originação.


"A capilaridade também é um diferencial, já que temos 192 armazéns e transbordos e 22 fábricas em 17 Estados". A companhia não revela os volumes que movimenta, mas Pretti diz que o aumento deste ano, no caso da soja, será em linha com o crescimento da colheita brasileira da oleaginosa em geral na safra 2016/17 - de quase 20%, segundo a Conab.


Ainda que o foco continue na operação com commodities, a empresa também cresce em segmento de maior valor agregado, como nutrição animal (receita líquida de R$ 737 milhões em 2016) atomatados (R$ 531 milhões) food service (R$ 174 milhões). E Pretti está animado com a joint venture formada com a Usina São João (USJ), por meio da qual investiu R$ 160 milhões na produção de etanol de milho em uma usina em Quirinópolis (GO).


Outra joint venture que tem rendido bons resultados, conforme o executivo, é a Alvean. Administrada em parceria com a Copersucar, a companhia já é responsável por 35% do volume de açúcar movimentado no mercado mundial, segundo Pretti. O executivo acaba de assumir o cargo de chairman da Alvean por dois anos, como prevê o sistema de rodízio acordado com a parceria.


Fonte: Valor Econômico, Fernando Lopes, 31/08/2017.


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