Na oportunidade a ABTTC manifestou algumas preocupações, em especial as que dizem respeito ao planejamento de novas rodovias de interligação com o Planalto e a disponibilização de Porto Público para a movimentação de cargas.
No último dia 05 de fevereiro a ABTTC – Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e Empresas Transportadoras de Contêineres, representada por seu Diretor Presidente João Ataliba de Arruda Botelho Neto, pelo Diretor Executivo Wagner Rodrigo Cruz de Souza, juntamente com empresários do setor retroportuário, participou, à convite da Santos Port Authority, de uma reunião para a apresentação e discussão do Novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos.
A reunião foi conduzida pelo Superintendente de Planejamento Portuário Bruno Stupello que apresentou as diretrizes gerais do plano que prevê: a consolidação de áreas para clusterização de carga permitindo o ganho de escala, aumento da eficiência operacional e aumento da capacidade de movimentação; o aumento da participação do modal ferroviário nas operações de granéis; e uma melhor integração Porto-Cidade, com a destinação de áreas ocupadas irregularmente à movimentação de carga e a destinação do cais do Valongo à movimentação de passageiros em navios de cruzeiros, além da eliminação de passagens de nível, aumentando a segurança aos munícipes.
Henry Robinson, da empresa Medlog, questionou a ausência de áreas destinadas ao Cais Público, que poderá ser utilizada tanto para a movimentação de contêineres oriundos da cabotagem nacional, que, por não estar sob controle aduaneiro, não necessita ser movimentada em áreas alfandegada, desta forma reduzindo o custo da operação e atendendo aos objetivos da BR no Mar, quanto para outras cargas habitualmente movimentadas em Cais Público. Questionou ainda como se dará o incremento de 64% na capacidade de movimentação de contêineres ao longo dos próximos 20 anos tendo apenas o incremento de 10% em área destinada a esta finalidade.
Alvaro Rabelo, da empresa Transbrasa, demonstrou preocupação com a relação Porto-Cidade, pois ao longo dos últimos anos a Prefeitura Municipal de Santos tem destinado, em seus planos de uso e ocupação de solo, áreas historicamente ocupadas por atividades retroportuárias para fins habitacionais, comprometendo a capacidade da cidade em oferecer suporte às atividades logísticas portuárias.
João Ataliba questionou se no desenvolvimento do Plano de Zoneamento e Desenvolvimento do Porto Organizado de Santos foi considerada melhorias nas rodovias que abastecem o Porto, pois, será impraticável haver incremento na movimentação de cargas sem que haja vultuosos investimentos para a construção de uma nova rodovia de interligação Baixada-Planalto, pois a Via Anchieta, única ligação rodoviária Baixada-Planalto para fins de movimentação de carga, com seus mais de 70 anos, já apresenta um baixíssimo nível de serviço e inúmeras limitações para incremento de sua capacidade.
“Se hoje a Via Anchieta tem demonstrado estar com sérios problemas para atender a movimentação existente, não temos duvida que este problema poderá inviabilizar todas as projeções do Novo PDZ quanto ao incremento na movimentação de cargas, assim como da própria privatização da Autoridade Portuária, desta forma é importante que os estudos elaborados pela Autoridade Portuária trate deste item tão importante, haja vista que, conforme estudos apresentados, ao longo dos próximos 20 anos, mesmo com todos os investimentos previstos, a ferrovia não participará com mais que 30% de todo o volume de cargas, portanto a questão dos acessos rodoviários devem ser tratados com maior empenho e seriedade pelas autoridades constituídas no âmbito Estadual e Federal”, ponderou João Ataliba.
O Presidente da Santos Port Authority Casemiro Tércio Carvalho sugeriu a união de esforços entre a Autoridade Portuária e a iniciativa privada representada pelas entidades de classe para discutir a melhoria nos acessos ao Porto e pleitear ao Governo Federal e Estadual a concentração de esforços para a realização dos estudos necessários e investimentos para a construção de um novo acesso rodoferroviário conectando o Planalto à Baixada Santista.
João Ataliba elogiou a qualidade dos estudos e do planejamento desenvolvido pela Santos Port Authority para a elaboração do Novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento, assim como parabenizou a iniciativa em ouvir o setor empresarial, composto por aqueles que estão no dia a dia das operações e que certamente poderão contribuir com inúmeras sugestões para o aprimoramento dos estudos realizados.
Fonte: ABTTC, 07/02/2020.