Camaçari traça estratégia para ganhar competitividade
A Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) negocia com o governo do Estado a realização em conjunto de um estudo para conferir mais competitividade ao Polo Industrial de Camaçari, envolvendo ações que devem ser patrocinadas pelas esferas pública e privada. “Camaçari é um centro de atração de investimentos para o Estado, mas possui gargalos que precisam ser sanados”, diz Ricardo Alban, presidente da Fieb.

A competitividade da indústria petroquímica, que deu origem ao Polo em 1978, será um dos principais alvos do estudo. O ponto chave é a flexibilização da matriz de insumos. No Brasil se utiliza a nafta com preços duas vezes e meia superiores aos concorrentes na América do Norte, que trabalham com gás de xisto (shale gas).

A Braskem já adotou uma primeira iniciativa nesse sentido. Em 2016 anunciou um investimento de R$ 380 milhões para o uso de gás etano, oriundo do gás de xisto, para abastecer 15% de sua unidade de petroquímicos básicos de Camaçari, que hoje trabalha exclusivamente com nafta.
O investimento está previsto para o segundo semestre de 2017 e envolve a adaptação da infraestrutura logística do Terminal Portuário de Aratu e do duto de interligação com o complexo e também uma adaptação tecnológica da unidade industrial. “Essa flexibilização da matriz é essencial para atrair empresas de transformação de resinas para o Polo”, diz Alban.

Outro gargalo de Camaçari é logístico. Como diz Mauro Pereira, superintendente geral do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (COFIC), o transporte de um insumo químico do Polo de Camaçari até São Paulo custa mais de duas vezes o frete do mesmo produto embarcado no sudeste asiático. “Toda competitividade que a empresa conquista em seus produtivos perde no transporte”, diz.

Segundo Pereira, hoje as cargas produzidas em Camaçari são transportadas principalmente por rodovia, quando deveriam ir por ferrovias e não há nenhum projeto nesse sentido ou embarcadas no Porto de Aratu-Candeias.

A estrutura portuária local, porém, é tímida diante da demanda. Aratu é um porto com três terminais dedicados a granéis, sendo um para sólidos, outro para líquido e outro para produtos gasosos. Segundo avaliação da Associação dos Usuários de Portos da Bahia (Usuport), apenas para atender a demanda já existente a estrutura deveria ser duplicada.

Em 2016 o governo da Bahia anunciou investimentos de US$ 30 milhões em obras de manutenção e melhorias da estrutura portuária, mas sem ampliar sua configuração de terminais. Também no ano passado foram iniciadas obras para a melhoria do acesso rodoviário ao Polo de Camaçari, por onde trafegam diariamente por volta de 2.250 veículos, em sua maioria caminhões de grande porte. “São investimentos importantes, mas não decisivos para a competitividade da indústria local”, diz Pereira.

Apesar desses gargalos, o Polo Industrial de Camaçari registra um grande crescimento de unidades industriais nos últimos anos. Atualmente são mais de 90 empresas instaladas que somam ativos industriais avaliados em US$ 20 bilhões, quase o dobro dos ativos registrados há uma década. Em 2016 essas empresas faturaram em conjunto US$ 15 bilhões.

Apenas no ano passado foram concluídos investimentos no Polo de US$ 4 bilhões, entre eles a conclusão da duplicação da fábrica de pneus Continental, a instalação da fábrica de pás eólicas Tecsis, da fábrica de perfumes O Boticário e da fábrica de papéis KimberlyClark. A francesa SNF Flopam conclui investimentos para estabelecer uma fábrica de insumos para tratamento de água e auxiliares para a produção de petróleo. Segundo Mauro Pereira dois grandes investimentos estão sendo negociados no momento, um empreendimento na área de cerâmica e outro é uma termoelétrica a gás.

Fonte: Valor Econômico, 23/2/2017.

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