Custo de logística tira competitividade do setor químico
Um estudo recém-lançado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) evidenciou o que, na prática, já era conhecido pelas empresas: transporte pouco eficiente e infraestrutura inadequada são onerosos e comprometem a competitividade dos produtos químicos de uso industrial brasileiros. Agora, a partir das informações detalhadas no "Estudo Estratégico de Logística", a proposta é discutir com o governo ações de longo prazo que corrijam os gargalos apontados e viabilizem novos investimentos no setor.

A ineficiência da logística usada pela indústria química no país fica ainda mais evidente quando os números são comparados aos dos Estados Unidos. No Brasil, o custo médio do quilômetro percorrido nas melhores rodovias é de R$ 2,75, mas pode subir a R$ 5,23 nas vias em péssimo estado de conservação. Nas rodovias americanas, o custo médio de cada quilômetro percorrido é de R$ 2,50.

"No melhor caso, o custo no Brasil já é 10% mais alto", diz o presidente-executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo. Segundo o executivo, há dois fatores essenciais na indústria química: matéria-prima e energia. Outros três, logística, pesquisa e desenvolvimento e mão de obra, são importantes. "Sem logística adequada, é possível ter indústria química, mas ineficiente", acrescenta.

O estudo, elaborado pela consultoria Leggio ao longo do ano passado, mostra o fluxo das 132 milhões de toneladas de produtos químicos movimentadas anualmente no país. O modal mais utilizado é o rodoviário, com taxa de 88% em distâncias inferiores a 500 quilômetros, de 95% entre mil e 1,5 mil quilômetros, 92% de 1,5 mil a 2 mil quilômetros e 82% em distâncias superiores.

"As ferrovias atendem muito pouco à indústria química no país. A malha é deficitária, mas poderia ser mais atraente para o setor", diz a coordenadora da comissão temática de logística da Abiquim, Leila Zuccari. A migração para esse modal, aponta o estudo, poderia ser feita para o transporte de volumes superiores a 50 mil toneladas por ano, a distâncias superiores a 200 quilômetros.

Para o modal aquaviário, por sua vez, deveriam migrar os volumes de produtos superiores a 60 mil toneladas por ano, conduzidos em rotas entre portos e próximos a costa que possam percorrer distâncias marítimas superiores a 300 km.

Segundo Leila, essas alterações dependem não apenas de infraestrutura como aumento da capacidade de cais no porto de Santos (SP) e em Aratu (BA), por exemplo, mas de ajustes de operação, que poderiam ser feitos a partir de ações no âmbito regulatório. O estudo mostra que o índice de utilização ideal de um berço é de 65%. No porto de Santos, que recebe 24% do total de produtos químicos importados e 11% dos exportados, o berço Alamoa 2 tem hoje índice de utilização de 169%.

O levantamento, segundo Figueiredo, foi produzido a partir de acordos de cooperação firmados com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e será usado na elaboração do Plano Nacional de Logística Integrada (PNLI). "O estudo procurou identificar o fluxo do produto químico e gargalos para conseguirmos planejar melhor a logística. Nosso horizonte é de longo prazo", afirma.

Fonte: Valor Econômico, 16/3/2017.

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