Empresas afirmam que leilões de portos devem ser esvaziados


O primeiro leilão de terminais portuários anunciado pelo governo Michel Temer para este ano corre risco de ficar esvaziado, segundo a Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), instituição que representa empresas e investidores do setor. O desinteresse do setor privado nas concessões portuárias está diretamente relacionado com as taxas de remuneração que a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) decidiu fixar para a concessão de três terminais, sendo dois no Porto de Paranaguá, no Paraná, e um em Itaqui, no Maranhão.




Os investimentos previstos pelo governo nos três terminais portuários somam R$ 395 milhões, dinheiro que seria aplicado nas estruturas ao longo dos 25 anos de cada concessão. A previsão da Antaq é de que os leilões ocorram em meados de junho ou julho. A expectativa das empresas era que a agência reguladora fixasse em 10% o chamado “custo médio ponderado do capital” (wacc, na sigla em inglês). Esse índice representa o custo do dinheiro para o investidor. Quanto maior o risco e maior a necessidade de atração de investimentos para um projeto, maior deve ser o porcentual do índice para atrair investidores. A Antaq, no entanto, o reduziu para 8,03%.

“Fomos surpreendidos com isso. A Secretaria de Portos estimou que essa redução resulta em um aumento de 400% nos lances mínimos de outorga. O custo do investidor fica maior”, diz José Di Bella, diretor-presidente da ABTP. “Qual é o recado que a agência dá para o investidor? Que ficou bem mais caro investir no setor. É uma política de afastamento de investidores. Por isso, é grande a possibilidade de o leilão dar vazio.”

Índice. A decisão da agência de adotar um porcentual menor está atrelada a uma nota técnica do Ministério da Fazenda, que em 2012 estabeleceu o índice em 8,03% para todo o setor de infraestrutura. Em 2015, por conta da baixa atratividade dos projetos e suas taxas, esse índice subiu para 10%. No fim do ano passado, porém, a Fazenda voltou a recalcular a taxa, adotando o índice de 8,03%.

Segundo a ABTP, o Ministério dos Transportes e a própria Antaq, em reuniões técnicas, tinham assumido o compromisso de analisar os impactos de uma mudança no índice e, posteriormente, debater com o setor privado. De acordo com ele, todas as ponderações sobre os possíveis impactos negativos da decisão foram protocoladas por meio de carta, assinada pela ABTP e entregue ao Ministério dos Transportes no dia 21 de fevereiro, com cópia à Secretaria de Portos e à Antaq.

Procurada, a Antaq informou que aplicou o índice definido pela Fazenda, seguindo as orientações que foram repassadas pela área técnica do ministério.

Fonte: Estadão, 23/3/2018.

Leia Também Outras Notícias

Agência Porto
| 02 jul, 2025

Infra S.A. reforça participação técnica no desenvolvimento do Plano Nacional de Logística 2050

Leia mais
Agência Porto
| 02 jul, 2025

Nos 70 anos do Porto de São Francisco, governador destaca investimentos e anuncia obras de infraestrutura

Leia mais
Agência Porto
| 02 jul, 2025

Licitação do Terminal de Contêineres do Porto de Fortaleza deve ser lançada ainda este ano, diz MPOR

Leia mais

Como podemos ajudar?

Conte como podemos auxiliar com um dos nossos serviços e soluções.

Solicite um orçamento

Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Privacidade.