Grandes navios: um desafio

O cais santista fechou o ano de 2018 com novo recorde de movimentação de cargas. O último balanço foi de 133,16 milhões de toneladas, numero 2,5% superior ao total observado em 2017. Os resultados dimensionam sua importância local e nacional. A Atividade portuária gera a maior receita e renda para o Município - cerca de 60% do ISS arrecadado pela Prefeitura vem do Porto, que responde por um terço da balança comercial do Brasil. Mas há desafios para o futuro. Um deles é viabilizar o Canal do Estuário para receber grandes embarcações.


O alerta é do ex-secretário de Planejamento e Desenvolvimento Portuário da Secretaria de Portos e consultor portuário, Fabrizio Pierdomenico. "O Porto de Santos foi e ainda é o mais importante veículo de comércio exterior do País. Seja pela exportação do café no século 19, seja pela movimentação de contêineres e do agronegócio hoje. Mas o cais precisa se preparar para as grandes mudanças tecnológicas do setor que começam no mar, ou seja, nos navios. Cada vez mais, vamos receber embarcações maiores, em menor quantidade. Menos navios, mas maiores. É para este tipo de cenário que o Porto precisa estar preparado".


Atualmente, o Porto de Santos opera com calado máximo de navegação de 13,5 metros. No ano passado, o cais recebeu o maior navio em capacidade de transporte de contêineres da história: o Cape Sounio, da armadora Zim, que pode chegar a 11 mil TEU (unidade equivalente a contêiner de 20 pés). Até então o maior conteineiro em capacidade de transporte a vir a Santos foi o CMA CGM Tigris, que pode chegar a 10.900 TEU. A embarcação esteve pela primeira vez na Cidade em 2015.


"Hoje portos do exterior já operam com navios de capacidade em 18 mil TEU. Em 2030, o cais santista deve receber navios com capacidade acima dos 12 mil contêineres. Caso o Porto não se prepare, vai perder mercado, capacidade de liderança interna", alerta Pierdomenico.


TECNOLOGIA


Segundo o consultor, os terminais instalados em Santos têm condições de se modernizarem para operar conforme novas demandas. "Não tenho dúvidas que a iniciativa privada vai se adequar na mesma velocidade do mercado. Ter portêineres com largura maior não é barato, mas é viável para as empresas. O problema é se o setor público vai conseguir atender às novas demandas. Adaptar o Canal do Estuário geometricamente, com maiores profundidades, é uma resposta a ser dada (pela autoridade portuária). Isso ainda é um grande desafio para o futuro", analisa.


Codesp aponta ações para garantir o acesso


A fim de buscar soluções para permitir a manobra de grandes embarcações no canal santista, o Conselho da Autoridade Portuário (CAP) criou o Grupo de Trabalho (GT) Caminhos Críticos para Navegação de Navios de 366m no Canal do Porto de Santos, em parceria com a Capitania dos Portos. Essas embarcações têm 366m de comprimento (LOA) e 51m de largura (boca), capazes de transportar cargas de 14 mil TEU.


Para embasar trabalhos do GT, em 2018, a Codesp contratou a Universidade de São Paulo (USP) para elaborar um Plano de Desenvolvimento do Canal de Acesso, cujo objetivo é modernização o Porto, mediante a necessidade do aprofundamento do canal de acesso para 17m. Hoje, sua profundidade máxima é 13,5m.


Atualmente, o canal de navegação recebe navios de até 150 mil TDW, correspondendo a uma capacidade máxima de 10 mil TEU. Segundo a Codesp, uma análise do processo de modernização e de rotação de frotas nas rotas mundiais, levou o estudo da USP a concluir que haveria uma tendência de que navios de 10 mil TEU seriam substituídos por navios de 13 mil TEU já no final de 2018, e que navios de 15 mil TEU chegariam a Santos a partir de 2025.


O estudo aponta que em 10 anos o Porto deverá receber acima de oito mil navios, ou seja, cerca de 60% a mais que nos dias atuais. Nesse mesmo período, a movimentação de carga deverá atingir cerca de 230 milhões de toneladas, representando um acréscimo de praticamente 80%, o que significaria navios com maior consignação de cargas.


Dessa frota esperada, os navios porta-contêineres representariam a metade dos navios a aportar, como também se estima um aumento na frota de navios porta-contêineres de menor porte (5 mil TEU), nas linhas de feeder service, o que caracterizaria Santos como um porto concentrador (hub port). Há que se ressaltar que hoje o Porto de Santos já movimenta 41% (em TEU) do total do Brasil.


A Codesp ressalta que essa decisão não compete à Autoridade Portuária, mas ao Governo Federal, e que a estatal está, no presente momento, envidando esforços no sentido de manter o canal dragado a 15m, e de remover os altos-fundos que limitam o calado máximo dos navios a 14,5m na preamar.


Porto 2030


A Tribuna perguntou como a Codesp projeta o Porto de Santos em 2030. A estatal respondeu que estudos estimam movimento de cerca de 230 milhões de toneladas, onde se destaca crescimento de 60% no movimento de contêineres de 2018 a 2030, a isso se atrelando maior quantidade de navios porta-contêineres , chegando a 50% do total de navios no porto em 2030, consolidando o cais santista como um hubport.


"Há expectativas de redimensionamento do canal de navegação para receber navios de comprimento de 366 metros. E promover as condições de infraestrutura necessárias para atender a movimentação de cargas conforme projetado e dar continuidade aos estudos de planejamento para ocupação ordenada.


Fonte: A Tribuna, Caderno Especial Aniversário de Santos, 26/1/2019.


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