Revisão do marco regulatório dos portos não resolve gargalos logísticos
Entidades portuárias afirmam que, embora positiva, essa é apenas uma medida que precisa ser adotada, porém muito ainda é necessário para sanar deficiência do poder público

O novo marco regulatório dos portos entrou em vigor em junho de 2013 com o objetivo de desburocratizar o setor e atrair mais investimentos, no entanto, desde então, entidades portuárias e especialistas debatem sobre a eficácia da legislação. A discussão ganhou mais um capítulo a partir do momento em que Michel Temer assumiu a presidência da República em 2016, quando as entidades que representam o segmento iniciaram a negociação para a revisão das regras que permeiam este mercado.

Uma delas foi a Associação Brasileira dos Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA). Segundo o presidente da entidade, Bayard Umbuzeiro, essa revisão já estava prevista, mas não ocorreu antes por ineficiência do poder público. “O objetivo com essas alterações é melhorar a Lei 12.815, também conhecida como Lei dos Portos, pois ela foi estabelecida por pessoas que não são do ramo”, afirma.

O presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (FENOP), Sérgio Aquino, concorda. “Quando esta lei foi editada a comunidade portuária, de forma integral, tinha plena convicção de que o mais rapidamente possível, quando se encerrasse o governo da presidente Dilma, haveria a necessidade de revisão. Isso porque era um marco regulatório esquizofrênico, um modelo de legislação portuária, em muitos tópicos, exatamente o oposto do que as melhores práticas mundiais recomendam”, reforça o executivo, que estará na 23ª edição da Intermodal South America, em abril, na cidade de São Paulo. Aquino será um dos palestrantes do evento e abordará quais são os impactos que a revisão causará nesta indústria.

Mudanças – Entre as principais mudanças sugeridas na Lei dos Portos está a prorrogação dos contratos de arrendamentos portuários por até 70 anos, sobre os contratos assinados antes de 1993, assunto muito discutido recentemente e que, apesar de encontrar resistência do governo, anima os players do setor. “A ideia dessa alteração é homogeneizar todos os contratos de arrendamentos, porque há uma diferença muito grande de prazos, entre outros aspectos, que precisamos igualar. Esse decreto, a rigor, complementa a Lei 12.815”, pondera Umbuzeiro.

Aquino também acredita que essa é uma solução positiva, pois permite que o segmento portuário consiga receber os devidos planejamentos e investimentos. “Isso porque este é um setor que exige muitos aportes e precisa ser planificado com muito tempo de antecedência, até porque depende de muitos outros fatores, como comércio exterior, fluxos logísticos, economia do país e economia mundial, entre outras questões que se alteram ao longo do tempo. Sendo assim, não seria possível pensar em prazos curtos”, acrescenta.

Outros aspectos da revisão também movimentam o mercado, como as possibilidades de o Governo Federal retirar o limite de 25% para a ampliação dos Terminais de Uso Privado (TUP’s) e de repassar para a iniciativa privada a gestão da dragagem dos portos nacionais, assim como outras intervenções na infraestrutura – são mais de 25 ações previstas na revisão, ao total. “Essa retirada do limite de 25%, se for confirmada, é muito significativa para os TUP’s, assim como é de interesse da própria CODESP e de todas as autoridades portuárias e portos do país, pois permite que os empresários do segmento tenham mais facilidade e liberdade para investir na melhoria dos próprios terminais”, completa o presidente da ABTRA, que também marcará presença na Intermodal 2017.

Aquino, porém, adianta que, apesar dos benefícios que a revisão do marco regulatório trará, é preciso deixar claro que essa não é a única solução para os gargalos logísticos do país e para os problemas portuários como um todo. “O governo continua sendo devedor das soluções para os acessos portuários (ferrovias, rodovias e dragagens), que são de sua responsabilidade. O poder público tem que fazer a sua parte para que o sistema logístico de comércio exterior e o sistema portuário, juntamente com terminais públicos e terminais privados, tenham, além dos acessos, a redução da burocracia de seus intervenientes”, conclui.

Impactos – Com o intuito de debater a revisão do marco regulatório dos portos, suas principais alterações e os impactos práticos neste mercado, assim como os novos desafios do setor, a Intermodal South America realizará um painel dedicado exclusivamente ao segmento portuário. Com início às 11h do dia 5 de abril, contará com as participações do diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), Fernando Fonseca, e do presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (FENOP), Sérgio Aquino.

Sobre a Intermodal South America – www.intermodal.com.br

A Intermodal South America é o maior evento das Américas direcionado para os setores de transporte de cargas, logística e comércio exterior. Realizada há mais de 20 anos, a feira é considerada uma plataforma de negócios que reúne, em três dias, os principais players do setor com o objetivo de fomentar negócios e parcerias e dar suporte ao desenvolvimento e aprimoramento tecnológico dos segmentos que congrega. Em sua última edição, reuniu mais de 600 marcas expositoras de 26 países e atraiu mais de 45 mil visitantes. Em 2017, a Intermodal acontece entre os dias 4 e 6 de abril, das 13h às 21 horas, no Transamerica Expo Center, em São Paulo (SP).

Fonte: Conteúdo Empresarial, 22/2/2017.

Leia Também Outras Notícias

Agência Porto
| 02 jul, 2025

Infra S.A. reforça participação técnica no desenvolvimento do Plano Nacional de Logística 2050

Leia mais
Agência Porto
| 02 jul, 2025

Nos 70 anos do Porto de São Francisco, governador destaca investimentos e anuncia obras de infraestrutura

Leia mais
Agência Porto
| 02 jul, 2025

Licitação do Terminal de Contêineres do Porto de Fortaleza deve ser lançada ainda este ano, diz MPOR

Leia mais

Como podemos ajudar?

Conte como podemos auxiliar com um dos nossos serviços e soluções.

Solicite um orçamento

Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Privacidade.