O grupo de concessões de infraestrutura Triunfo Participações e Investimentos (TPI) anunciou ontem que avalia a possibilidade de alienar ativos com objetivo de reduzir seu endividamento e de suas controladas.
Segundo o Valor apurou, são potenciais alvos de venda a Portonave terminal privado de contêineres em Navegantes (SC), no qual tem 50%, e é o ativo mais líquido do grupo; o aeroporto de Viracopos; o terreno em Santos onde seria construído um terminal privado; e a fatia na Tijoá concessionária responsável pela operação da hidrelétrica de Três Irmãos. Todos ativos à margem de seu principal negócio que são as concessões rodoviárias.
Procurada, a Triunfo não se manifestou sobre essa informação. No comunicado, disse apenas que, até a presente data, "a administração da companhia não decidiu quais ativos poderão ser objeto da alienação".
A companhia contratou assessores financeiros e legais para avaliar a possibilidade de vendas, medida que integra o plano de melhoria de sua estrutura de capital. A Triunfo encerrou o terceiro trimestre de 2016 último dado disponível com dívida bruta de R$ 3,65 bilhões e R$ 180 milhões disponíveis em caixa, o que resultou em dívida líquida de R$ 3,47 bilhões. A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ficou em 3,3 vezes.
Presente em rodovia, porto, aeroporto e energia, a companhia enfrenta dificuldades operacionais e financeiras em alguns projetos, como em Viracopos, o mais alavancado. Fontes de mercado que acompanham a empresa avaliam que a melhor maneira de reduzir o endividamento é sair desses negócios, já a dívida é assumida pelos novos controladores. Estrategista-chefe da casa de análises Eleven, Adeodato Netto diz que o gatilho para a venda de ativos é o fato de o BNDES não ter formalizado o financiamento de longo prazo para a Concebra, a concessionária de rodovia. O crédito de R$ 3,6 bilhões foi aprovado no início de 2016, mas o desembolso não saiu.
Para Netto, uma eventual venda sozinha da Portonave resolveria a questão. O porto é líder na movimentação de contêineres em Santa Catarina e um dos primeiros do Brasil. "É um ativo muito líquido mas muito grande. Possivelmente seria comprado por uma multinacional, mas levaria mais tempo. Já Tijoá é menor e teria mais liquidez a curto prazo", disse.
Fonte: Valor Econômico, 7/2/2017.