O leilão do túnel imerso entre Santos e Guarujá, realizado recentemente, marca um capítulo decisivo para a infraestrutura nacional. Planejado há quase um século, o projeto ganha viabilidade por meio de uma parceria público-privada e se apresenta como uma solução de mobilidade para os mais de 720 mil moradores das duas cidades que realizam a travessia diariamente.
No entanto, é preciso compreender que a relevância do túnel vai além da mobilidade urbana. A obra terá reflexos diretos sobre a atividade portuária, integrando ainda mais o Porto de Santos ao seu entorno urbano e criando condições para um novo patamar de eficiência logística.
O modelo adotado, um túnel imerso de 1,5 km, sendo 870 metros submersos, foi escolhido justamente por não interferir na navegação. Essa decisão técnica é estratégica: qualquer solução diferente poderia comprometer a operação do maior porto da América Latina, responsável por escoar grande parte das exportações e importações brasileiras.
Ao reduzir o tempo de deslocamento, não apenas facilita a vida dos moradores, mas também aproxima os serviços, os trabalhadores e os modais logísticos que sustentam a atividade portuária. A integração Porto-Cidade deixa de ser apenas um conceito e passa a ser uma realidade, criando sinergias entre a dinâmica urbana e as demandas da infraestrutura portuária.
Outro ponto que merece atenção é a presença de capital estrangeiro, em especial de empresas chinesas, no processo de concessão. A participação desses grupos reflete o interesse internacional no Porto de Santos como ativo estratégico para o comércio global. Para a China, garantir acesso a corredores logísticos robustos é essencial para sustentar sua cadeia de importação e exportação.
O túnel Santos–Guarujá, portanto, deve ser visto não apenas como uma obra que encurta distâncias, mas como uma infraestrutura capaz de redefinir a relação entre cidade e porto, impactando diretamente a competitividade do Brasil no cenário internacional.
O desafio que se impõe agora é assegurar que a execução do projeto mantenha o equilíbrio entre eficiência urbana e eficiência portuária. Só assim o túnel cumprirá seu papel duplo: melhorar a mobilidade regional e fortalecer a logística nacional.
Fabrizio Pierdomenico é economista e sócio- diretor da Agência Porto Consultoria Portuária
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Túnel Santos–Guarujá: obra de mobilidade com impacto portuário
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