Implantação de estaleiro no Porto vira tema de pesquisa
A necessidade e a viabilidade da implantação de um estaleiro para a manutenção de navios, no Porto de Santos, são os temas de um trabalho de conclusão de curso (TCC) de estudantes de Engenharia Civil da Universidade Santa Cecília (Unisanta), no Boqueirão, em Santos. A ideia é que o local também possa ser utilizado por seguradoras para vistorias em embarcações durante passagem pela região.

Gustavo Grassi, Maximiliana Presutti, Nocolly Corea e Taynara dos Santos iniciaram essa pesquisa no primeiro semestre e já concluíram o trabalho. O material foi apresentado no Congresso Brasileiro de Iniciação Científica, no mês passado. Os estudantes são orientados pelo professor Adilson Gonçalves, pesquisador do Núcleo de Estudos Portuários e Marítimos (Nepomt), da Unisanta.

“O tema principal é o estaleiro de manutenção do Porto de Santos. E gente focou nesta questão porque muitos navios passam por acidentes no canal de acesso ou precisam de reparos ou manutenções preventivas e precisam se deslocar (para outros complexos marítimos). O Porto de Santos é o maior da América Latina e não dispõe ainda de um estaleiro de manutenção para navios de médio a grande porte”, destacou Gustavo.

Quando há alguma avaria ou necessidade de reparos e vistorias, os cargueiros são deslocados para o Rio de Janeiro, onde há oferta de estaleiros especializados. “As empresas, querendo ou não, têm um custo muito elevado e acabam perdendo muito mais tempo com o transporte e com a embarcação parada”.

Logo no início da pesquisa, em junho, quando o tema ainda estava sendo analisado pelo grupo, o navio graneleiro Tong Shun encalhou no cais dos armazéns 21 e 22 do Porto. Isto aconteceu após o carregamento de 30.850 toneladas de soja. Ele já havia embarcado quase 40 mil toneladas do grão em uma escala no Uruguai.

“O que constatou essa necessidade da construção de um estaleiro foi um acidente em que o navio ficou bastante tempo parado no Porto de Santos. Nós já estávamos interessados no tema, mas o acidente e a dimensão que ele tomou nos deram mais certeza de que estávamos no caminho certo”, explicou Maximiliana.

Localização

A partir daí, os universitários pesquisaram a viabilidade do empreendimento no cais santista. Para isso, passaram a buscar áreas que pudessem abrigar o estaleiro. Três pontos foram estudados.

O primeiro foi a Ilha dos Bagres, que acabou escolhida para a implantação da unidade. Ela conta com uma área disponível de 627 mil metros quadrados e fica em uma área do estuário com profundidades que variam de 11 a 12 metros.

“Lá, há a possibilidade de transporte de materiais e equipamentos pelos modais rodoviário e ferroviário até as futuras instalações, com posterior transbordo para o modal aquaviário”, afirmou Nocolly.

O grupo ainda cogitou a implantação do estaleiro de manutenção na Alemoa, na Margem Direita do cais santista, ao lado do Terminal de Granéis Líquidos da Alemoa. Lá, a área disponível é de 321,9 mil metros quadrados.

Apesar da boa localização, a gleba fica em frente a um trecho do canal de navegação com baixa profundidade. Além disso, há a necessidade da criação de um novo acesso, já que há interferências e riscos em utilizar a mesma área de um terminal que movimenta líquidos inflamáveis.

Já a terceira opção estudada foi o Sítio Piaçaguera, com 424 mil metros quadrados e localizado na Margem Esquerda. Apesar da boa profundidade, a área é isolada, o que dificulta o acesso de colaboradores, aumentando os custos de contratação de mão de obra. Além disso, a gleba é particular.

“A pesquisa sobre o estaleiro mostra uma grande deficiência (do Porto). Para o complexo santista entrar no padrão mundial, só falta o estaleiro. Tem a questão da necessidade de manutenção (dos navios) e a parte de tratar avarias precisa ser próxima porque, às vezes, não dá para deslocar um navio para a Ásia, por exemplo”, destacou o professor Adilson Gonçalves.

Projeto prevê construção de dique seco

O estaleiro projetado pelos estudantes de Engenharia Civil da Universidade Santa Cecília (Unisanta) deve ter uma área construída de 72 mil metros quadrados, um dique seco (local onde os navios são atendidos) e todos os equipamentos necessários para o reparo e a manutenção das embarcações.

“O dique deverá ficar disposto transversalmente à área, uma vez que (a gleba a ser ocupada pelo estaleiro) dispõe de uma boa extensão territorial à beira do mar, o que permite realizar manobras para a docagem. Sendo assim, descartando a necessidade de atividades como dragagem e ampliação do canal de acesso para a passagem das embarcações, visando a redução de custos e o tempo de construção”, destacaram Gustavo Grassi, Maximiliana Presutti, Nocolly Corea e Taynara dos Santos na pesquisa.

O grupo analisou o perfil dos navios que trafegam pelo Porto de Santos. As dimensões e a frequência das viagens ao cais santista foram levados em conta na hora de definir o local mais viável para a implantação do estaleiro.

Em seguida, os estudantes fizeram uma relação de tipos de serviços que o estaleiro deve oferecer às embarcações. Na área mecânica, revisões de bombas e testes de maquinários e equipamentos, além de trocas de óleo e manutenção de motores, estão na lista.

Revisões e pequenos reparos nas instalações elétricas também entram nessa relação, assim como a carpintaria, que inclui revisões de peças de madeira, como as da cabine e do convés e os dormentes. Serviços de pintura e manutenção de cascos também estão previstos, assim como reparos no encanamento das embarcações.

“Eles estudaram a viabilidade técnica e o potencial econômico (de se implantar um estaleiro na região). Os levantamentos de custos podem ser feitos em um segundo momento porque é uma planta industrial. Você tem (na pesquisa) toda a parte física, de equipamentos e tudo o que é necessário”, destacou o professor orientador Adilson Gonçalves.

Fonte: A Tribuna, 4/12/2017.

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