O setor de cruzeiros no Brasil vai fechar a temporada 2016/2017 viagens realizadas entre novembro do ano passado e abril deste ano com a sexta retração de demanda seguida, afetado pela recessão e maior concorrência de outros destinos.
Segundo a Clia Brasil, a associação dos armadores que operam no país, foram vendidos 383 mil passagens nos cruzeiros entre novembro de 2016 e este mês de abril, para cruzeiros realizados por sete navios. Esses números representam uma retração, de 31%, em relação aos 554 mil na temporada anterior , e uma diminuição de 30% no total de navios, de dez, um ano antes.
Para a temporada 2017/2018, o cenário mais otimista é de estabilidade, diz o presidente da Clia Brasil, Marco Ferraz. "A crise econômica e problemas de competitividade no Brasil estão afetando o setor", diz o executivo, que representa armadoras como MSC, Costa Cruzeiros, Pullmantur e RoyalCaribbean. "A operação no Brasil custa em média 40% mais que no exterior. Além disso, os navios maiores precisam de mais infraestruturas", afirma. Na temporada 2010/2011, o Brasil chegou a ter 20 navios e quase 800 mil turistas. Ferraz afirma que as armadoras estão transferindo navios que faziam as temporadas de cruzeiros no litoral brasileiro para outros destinos, como Caribe, Austrália e China. "A demanda na China, por exemplo, está muito forte. Hoje eles estão com 60 navios", disse.
Para a temporada 2017/2018, o setor projeta estabilidade com a oferta de sete navios e potencial para mais turistas. "Há uma tendência de mais mini-cruzeiros, de três a quatro dias, mais demandado por turistas de primeira viagem e eventos corporativos", diz Ferraz.
Investimentos pontuais em infraestrutura podem aumentar a demanda em alguns destinos. Ele citou como exemplo a modernização do porto em Balneário Camboriú (SC). A perspectiva é de 30 escalas no local, na próxima temporada, o que equivale a 100 mil passageiros e R$ 46 milhões de impacto econômico para a cidade. "É um destino pronto para o turismo porque tem além das praias o parque Beto Carreiro". O litoral catarinense atrai, em especial, brasileiros, argentinos e uruguaios, segundo Ferraz.
Fonte: Valor Econômico, 17/04/2017.