(26/9/2017) Para melhorar produtividade, TCU quer descentralizar licitação de porto
O Tribunal de Contas da União (TCU) entrou no debate sobre a descentralização dos arrendamentos no setor portuário. O órgão de controle
iniciou na semana passada um levantamento que promete comprovar que a elevada concentração de poderes no governo federal - sobretudo para licitação áreas - pode estar por trás dos elevados índices de ociosidade apresentados pelos portos públicos brasileiros.

Após uma rodada de conversas com governadores, o ministro Bruno Dantas determinou que a Secretaria-Geral de Controle Externo do TCU analise a situação dos portos públicos e identifique os motivos pelos quais 39% das áreas operacionais estavam ociosas em 2014 (número mais atualizado). Se consideradas as áreas "não afetas à operação", como as destinadas a transporte de passageiros, por exemplo, o nível de ociosidade sobe para 73%.

O Plano Nacional de Logística Portuária tem a meta de derrubar a ociosidade de todas as áreas para 10% até 2035, o que vai exigir uma taxa de crescimento anual significativa das operações. Ao ministro do TCU, governadores e executivos de portos públicos afirmam que, sob o atual modelo regulatório, será impossível alcançar o objetivo.

O argumento principal é de que o governo federal não tem capacidade técnica para promover os arrendamentos em ritmo adequado. Na avaliação dos gestores de portos, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) consegue fazer, no máximo, um arrendamento por ano.

A nova Lei dos Portos, sancionada em 2013, concentrou na Antaq a prerrogativa exclusiva de promover arrendamentos de áreas portuárias. A medida, tomada no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, tirou poderes das companhias Docas e dos governos estaduais, o que gerou intensa disputa política.

Um dos maiores críticos da mudança foi o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que pouco tempo depois anunciou seu rompimento político com o governo petista. Campos, que morreu em um acidente aéreo em agosto de 2014, tinha no Porto de Suape uma das seus principais vitrines de sua gestão.

O atual vice-presidente de Suape, Marcelo Bruto, diz que o porto teria condições de reduzir a ociosidade de forma mais rápida se pudesse fazer seus próprios arrendamentos. "Acredito que já poderíamos ter licitado o segundo terminal de contêineres e algumas expansões poderiam ter andado mais rapidamente".

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, também acredita que a concentração de poderes na Antaq e na Secretaria de Portos atrapalhou o avanço operacional do Porto de Vitória. Hartung é um dos líderes do movimento pela mudança na regra.

Para o ministro Dantas, se os estudos comprovarem que a ociosidade dos portos é causada pela "rigidez do modelo vigente", o TCU poderá propor mudanças na legislação. "Considero que a existência de um elevado grau de ociosidade nessas instalações atenta contra o interesse público", disse ele em comunicação enviada aos colegas de tribunal.

O ministro lembra que, além de fiscalizar obras e políticas públicas, o TCU tem a prerrogativa legal de auxiliar o Congresso Nacional na função de legislar.

Fonte: Valor Econômico, 26/9/2017.

Read Also Other News

Agência Porto
| 10 set, 2025

Agência realizará audiência pública para tratar do arrendamento do terminal RDJ06A

Read more
Agência Porto
| 10 set, 2025

Porto sem Papel já evitou o corte de 30 mil árvores e a emissão de 72 mil toneladas de CO₂

Read more
Agência Porto
| 09 set, 2025

Comissão do Senado aprova projeto que retira restrição de ferrovias

Read more

How can we help?

Tell us how we can help with one of our services and solutions.

Request a quote

This website uses cookies to personalize content and analyze website traffic. Meet our Privacy Policy.