Brasil é o país com maior aumento de exportações no ano
O Brasil se destaca no comércio mundial em 2016 por vender mais mercadorias e embolsar menos do que um ano atrás, segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC). Entre as grandes economias, o Brasil foi o país que mais aumentou as exportações no primeiro semestre, assim como foi o que mais reduziu as importações.

As exportações aumentaram 12% em volume entre janeiro e junho comparado a igual período do ano passado. Os únicos países que chegaram perto do crescimento em volume do Brasil foram a Austrália (7%) e Argentina (8%).

No entanto, as vendas brasileiras para o exterior declinaram 11% em valor, por causa dos preços mais baixos dos produtos. A China, maior parceiro comercial do país, obteve redução de 14,6% no valor de suas importações globais no primeiro semestre.

No lado das importações, o Brasil se destaca pela enorme contração de 19% US$ 26,8 bilhões a menos, ilustrando o tamanho da recessão. A queda das importações em valor foi de 22,5% comparado ao mesmo período de 2015. "Com a desaceleração do comércio global, os esforços por aumento de competitividade pelas autoridades brasileiras se tornam ainda mais críticos", afirmou o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, ao Valor. "Haverá forte competição nos mercados externos, que passam a assumir relevância ainda maior para países que, como o Brasil, estão procurando retomar taxas saudáveis de crescimento econômico."

O relatório da OMC nota que a estagnação do comércio mundial de mercadorias mascara fortes variações por região. O mais surpreendente, conforme a entidade, é a baixa brutal das importações das regiões exportadoras de recursos naturais nos últimos dois anos, por causa da queda dos preços da matérias-primas e recuo das receitas de exportação.

O Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa os maiores bancos do mundo, avalia que os mercados emergentes estão retomando a liderança na economia mundial após três anos, período no qual os países desenvolvidos foram preponderantes. A entidade avalia que o ambiente menos negativo, com sinais de saída de recessão entre alguns emergentes, é resultado sobretudo da demanda interna, a começar pela robusto crescimento das vendas no varejo na China e investimentos públicos nessa economia.

Ao mesmo tempo, o IIF constata desempenho economico mais frágil dos desenvolvidos por causa do menor crescimento dos EUA no primeiro semestre, em meio ao declínio de lucratividade e freada em investimentos no setor de petróleo. No entanto, consumidores americanos continuam a sustentar a economia, ajudados por crescimento dos empregos e aumento gradual de salários. A zona do euro se recupera moderadamente, também graças à demanda doméstica.

Para Azevêdo, a desaceleração do comércio internacional é grave e deveria servir de alerta. A OMC divulgou ontem as piores projeções globais para exportações e importações feitas desde 2008. A entidade prevê expansão de apenas 1,7% do comércio mundial em volume em 2016, muito abaixo dos 2,8% projetados em abril e comparado aos mais de 6% em média de antes da crise financeira global de 2008. É pior do que
todas as projeções já pessimistas que circulavam entre analistas. Para Azevêdo, o desmoronamento do comércio é particularmente inquietante em
meio à hostilidade crescente em relação à globalização.

A OMC atribui as cifras "decepcionantes" à contração do Produto Interno Bruto (PIB) e das trocas externas em países emergentes como China e Brasil, e à América do Norte, que tinha registrado o maior aumento de importações em 2014-15 e, agora, desacelerou as compras externas. O comércio internacional afundou no primeiro trimestre, com contração de 1,1%. No segundo, alguns indicadores melhoraram, mas a OMC constata que, no geral, as trocas globais continuam fracas.

A nova projeção já leva em conta que o comércio internacional poderá se recuperar ligeiramente no segundo semestre, mas em ritmo "hesitante". O tráfego de portos para contêineres melhorou, as encomendas para exportações subiram nos EUA e os fluxos nominais em dólar se restabeleceram, "mas os riscos continuam sendo numerosos".

A entidade cita várias incertezas que pesam nas perspectivas para o resto do ano e para 2017, incluindo a volatilidade financeira provocada pelas mudanças da política monetária de países em desenvolvimento, a possibilidade de que os discursos anticomércio se reflitam mais e mais nas políticas comerciais, além do impacto ainda incerto do Brexit, o voto do Reino Unido para abandonar a União Europeia.

Conforme a OMC, as exportações dos países desenvolvidos devem superar a dos mercados em desenvolvimento, com alta de 2,1%, comparadas a 1,2% neste ano. No lado das importações, países em desenvolvimento devem registrar fraco crescimento (0,4%) comparado a 2,6% dos países desenvolvidos.

A maior estimativa de queda nas importações feita pela OMC, em relação às projeções de abril, é na América do Sul. A expectativa agora é de a região comprar 8,3% do que os 4,5% previstos antes. A explicação é que "a recessão no Brasil se intensificou".

Em seguida vem a América do Norte, sobretudo os EUA, onde as importações devem crescer apenas 1,8% ante a expectativa inicial de 4,1%, ilustrando a baixa no crescimento da economia americana. As importações da Ásia também desaceleraram para 1,6% ante a projeção de 3,2% de abril. Já a Europa vai comprar mais, com alta de 3,7% ante 3,2% previsto inicialmente.

Como o Valor informou na semana passada, o crescimento do comércio mundial, que chegou a ser três vezes maior que a expansão da economia global, agora tem uma relação abaixo de 1, o que reflete problemas estruturais e conjunturais nas trocas internacionais. A projeção para 2017 também foi revisada para baixo, para crescimento do comércio entre 1,8% e 3,1%, comparado a 3,6% em abril, refletindo a dimensão das incertezas atuais.

Fonte: Valor Econômico, 28/9/2016.

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