
Unidas no Consórcio Maravilha, a Bunge e a MDias Branco, duas das maiores processadoras de trigo do país, arremataram um terminal para movimentação de grãos no Rio de Janeiro que deve garantir o suprimento de trigo importado para seus novos projetos industriais na região Sudeste.
Através do Consórcio Maravilha, as duas companhias acertaram a concessão do terminal graneleiro do Porto Organizado do Rio de Janeiro por R$ 1,180 milhão em leilão realizado nesta quinta-feira pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O consórcio não teve concorrência e foi o único a dar um lance pelo empreendimento.
Pelo contrato, que prevê arrendamento de 25 anos prorrogáveis por mais 25, as empresas terão que investir em torno de R$ 93,1 milhões apenas nos dois primeiros anos de concessão para implementar obras de modernização do terminal, como a construção de um armazém para recepção de trigo e a aquisição de equipamentos. O investimento será repartido igualmente entre as duas companhias.
O contrato para exploração do terminal, no valor de R$ 515,8 milhões a serem pagos em parcelas mensais ao longo dos 25 anos de arrendamento, ainda estipula que a movimentação mínima de carga esperada a partir do terceiro ano de arrendamento deverá ser de 682 mil toneladas, equivalente a uma receita anual de R$ 428 mil. E, até o 25º ano de contrato, a movimentação mínima deve ser de 918 mil toneladas, o que corresponderia a um receita anual de R$ 1,212 milhão.
O investimento logístico está diretamente articulado ao projeto de expansão produtiva das duas companhias. No início, a Bunge deverá ser a principal operadora do terminal, já que a multinacional já possui um moinho operando próximo ao porto, o Moinho Fluminense, localizado em Duque de Caxias.
A unidade — a sétima da multinacional no Brasil — começou a operar em outubro do ano passado após um aporte de R$ 500 milhões. A planta tem capacidade para processar até 600 mil toneladas de trigo por ano.
Já a M. Dias Branco deve começar a utilizar o terminal em 2019, quando prevê concluir a construção de um moinho em Juiz de Fora (MG).
Atualmente, o moinho ainda está em fase de projeto e licenciamento ambiental. Segundo Luciano Mattos Junior, vice-presidente de investimentos e controladoria da companhia, esta etapa deve ser concluída no segundo semestre. Em média, a MDias Branco importa 70% de sua necessidade de trigo no país.
“Aqui hoje o importante é o investimento que vai ser feito, a geração de emprego, a localização estratégica do porto e o que ele vai trazer para o Brasil”, disse Maurício Quintela, ministro dos Transportes, após bater o martelo, símbolo do fechamento do leilão. “Esse é o segundo leilão de portos que fazemos neste governo e temos buscado ser fieis ao que estabelecemos como cronograma de prazos para garantir previsibilidade ao mercado”, concluiu.
De acordo com Samuel Ramos, diretor de outorgas da Antaq, o contrato anterior para arrendamento do terminal carioca, que possui 13.453 metros quadrados de área, não vem operando há algum tempo por precariedade de sua estrutura física. “Nesse novo arrendamento, vão ser demolidos armazéns e construído um maior com estrutura moderna”, diz.
A Antaq explicou que optou nesse processo de licitação por ampliar de 60 para 100 dias o prazo entre a publicação do edital e a data do leilão para que os investidores tivessem mais tempo para analisar os detalhes do investimento.
Fonte: Valor Econômico, 20/4/2017.