Em 2020, apenas uma mulher está à frente de uma docas federal
Em mais um mês em que se comemora a luta das mulheres por mais direitos e por ocupação de espaços, incluindo de governança, o setor portuário ainda demonstra estar aquém dessa realidade. Em pleno ano de 2020, a única mulher a ocupar um cargo de presidência de uma companhia docas operada pelo governo federal no país, é a Mayhara Chaves, presidente da Companhia Docas do Ceará. Além dela podemos citar a Gilmara Temóteo, diretora presidente do Porto de Cabedelo (PB), mas que é uma autoridade portuária de administração estadual. Mayhara lembra que, atualmente, além da Docas do Ceará, mais cinco estão sob o comando federal: Santos (SPA, antiga Codesp), Espírito Santo (Codesa), Bahia (Codeba), Rio Grande do Norte (Codern) e Paraná (Appa).

Embora afirme que a cobrança sobre o trabalho à frente da companhia seja igual ao dos demais presidentes, Mayhara ainda enfrenta o desafio de lidar com os preconceitos. Segundo ela, alguns clientes ainda apresentam desconfiança com uma mulher na presidência e por desconhecerem sua trajetória de experiência e formação. Apesar disso, ela garante que tem sido mais fácil romper com o machismo. “Eu costumo dizer que eu levo 30 segundos de contato para quebrar essa barreira inicial, quando nós vamos conversando e estabelecendo confiança”, disse.

Mayhara nega ter passado por constrangimento à frente do atual cargo, mas contou que enquanto ocupou a função de subsecretaria do governo do Espírito Santo vivenciou uma dessas situações . Ela disse que, durante um evento ao lado de um secretário de estado, foi barrada pelo segurança que alegava a proibição da entrada de “acompanhantes”. “Precisei chamar o secretário para dizer que não era sua acompanhante, mas sim a subsecretária”, relatou. Apesar desse fato, Mayahara contou que isso não voltou a se repetir. Segundo ela, o setor portuário ainda é muito restrito e, por isso, as poucas pessoas que ocupam esses espaços acabam conhecendo umas às outras.



A presidente afirmou que o comportamento em relação às mulheres mudou nos últimos cinco anos, quando ela começou a atuar com gestão portuária. Em 2015, de acordo com ela, os homens ainda olhavam com mais desconfiança para o trabalho exercido por mulheres dentro do setor. “Agora acho que os homens estão entendendo mais sobre igualdade de competências e estão agindo com mais respeito”, destacou. Para ela, os empresários e demais profissionais do setor já compreenderam que as mulheres são preparadas e capazes para o cargo. “Até mesmo o secretário de portos do governo federal (Diogo Piloni), durante reunião com as companhias, faz questão que as mulheres falem primeiro”, revelou.




Um dos maiores desafios que Mayhara tem enfrentado à frente da companhia, segundo ela, é a administração dos orçamentos. Ela explicou que, diferente de anos atrás quando o governo federal subsidiava os portos, atualmente são as próprias companhias que arcam com a maior parte das despesas. “Hoje, nós produzimos e nos pagamos com isso. Sabemos que a infraestrutura no país é muito cara e temos que fazer dragagem, tem o cais, os armazéns (...) Tudo que temos que arcar”, lamentou.

Diante das dificuldades orçamentárias, Mayhara tem buscado otimizar a infraestrutura e as áreas ociosas da companhia. Segundo ela, o leilão do terminal de passageiros de Fortaleza, marcado para próximo dia 27 deste mês, é um exemplo disso. “Fazemos tudo. De receber os passageiros no desembarque até estabelecer contato com os taxistas, mas esse não deve ser nosso foco. Nosso foco são as atracações e movimentações de cargas, por isso estamos leiloando o terminal”, explicou. Mayhara disse também que algumas áreas ociosas serão concedidas também à iniciativa privada. Ela informou, inclusive, que o edital para concessão do cais pesqueiro do Porto de Fortaleza foi aberto nesta sexta-feira (6).

Perfil
Mayhara Chaves, 35 anos. Graduada em Engenharia de Produção, pós-graduada em Logística Empresarial, possui MBA em gerenciamento de projetos e especializações internacionais em Logística e Gestão Portuária. Trabalhou como diretora de planejamento e desenvolvimento da Companhia Docas do Espírito Santo — Codesa (2015 a 2018). Anteriormente, foi subsecretaria de comércio exterior do governo do do Espírito Santo. Em Brasília, trabalhou na Secretaria de Portos da Presidência da República. Desde julho de 2019, atua como diretora-presidente da Companhia Docas do Ceará (CDC).

Fonte: Portos e Navios, 06/03/2020.

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