Libra propõe novo plano e quer terminal até 2065
Sem ter iniciado o investimento em troca do qual obteve, em 2015, a prorrogação do contrato no porto de Santos até 2035, a Libra pediu ao governo o reescalonamento dos desembolsos em um novo plano de investimento. De quebra, propôs empurrar o fim do contrato para 2065 via prorrogações sucessivas - possibilidade aberta pelo Decreto dos Portos. Em troca do prazo adicional, promete desembolsar R$ 1,6 bilhão.

O terminal de contêineres da Libra em Santos é o principal ativo portuário do conglomerado da família fluminense Borges Torrealba. O grupo tem vários negócios, mas está endividado. E teve geração de caixa, medida pelo Ebitda, negativa em 2016.



A Libra explorava três terminais no cais santista desde a década de 1990. Em 2015, foi assinado um aditivo que unificou os contratos e prorrogou o arrendamento até 2035 mediante a garantia de investimentos de R$ 723 milhões na integração e ampliação do terminal. Desse total, R$ 361 milhões deveriam ser desembolsados entre 2015 e 2018. Mas até agora a companhia não gastou um real em obras.

A empresa alega que eventos subsequentes e alheios ao seu controle impediram a implantação do projeto. Agora, desde que haja a repactuação, se compromete a investir R$ 446,5 milhões entre este ano e 2021. Seria a primeira parte do novo plano que totaliza R$ 1,6 bilhão.

Os dados constam do relatório de desequilíbrio contratual e novo plano de investimentos enviado pela empresa ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Procurada pelo Valor, a empresa não se manifestou.

A companhia lista uma série de fatores que a teriam impedido de colocar em marcha o plano original. Descumprimento de obrigações a cargo da Codesp, estatal que controla do porto de Santos; necessidade de mudar o projeto por conta de pedidos da Codesp, com reflexo no layout final; e falta de aprovação do projeto executivo pela agência reguladora (Antaq) para iniciar as intervenções.

O aditivo determina que o projeto executivo seja apresentado em até um ano. A Libra entregou a documentação dentro prazo, em agosto de 2016, mas, até agora, não houve aprovação. Procurada, a Antaq informou apenas que o projeto está em análise.

A Libra cita ainda o atraso na construção de viadutos para transposição da ferrovia que facilitariam o acesso ao terminal. E critica a falta de infraestrutura terrestre do porto para o transporte de cargas destinadas a terminais de outras empresas na mesma área, no bairro da Ponta da Praia.

Contando com a expansão da Libra, há previsão de ampliação de seis terminais que movimentam entre grãos, celulose e contêineres naquele trecho do porto. Juntos, eles devem quintuplicar a oferta de movimentação de cargas, mas sem a respectiva remodelação, a cargo do poder público, do sistema viário do porto que dê conta desse aumento.

Isso ensejaria a adoção de uma conexão hidroviária, para o acesso dos contêineres ao seu terminal, sustenta a empresa (ver reportagem Conexão hidroviária inédita integra investimento).

A companhia alega ainda que o novo projeto deve estar adequado ao cenário atual do mercado de movimentação de contêineres do porto de Santos, de alta concorrência com diferenciais competitivos em relação a terminais como o dela - arrendamento que não tem armador como sócio.

Por isso e pela impossibilidade de implantar o projeto original, a Libra se classifica como prejudicada nas negociações com os armadores para atrair linhas de navegação a seu terminal. E pede para ser dispensada da obrigação de atingir a movimentação mínima contratual estabelecida em 2015 até que seja finalizado o novo projeto de expansão. O terminal deveria movimentar 400 mil contêineres por ano desde a assinatura do aditivo. Contudo, não conseguiu cumprir a meta em 2015 e 2016.

Com o novo plano de investimento, a Libra promete um aumento de 46% sobre a oferta atual do terminal, para 781 mil contêineres por ano - quase 15% acima da capacidade do antigo projeto. O investimento contempla ainda aumento de 70 metros de comprimento do cais e a implantação de cais flutuante para barcaças, entre outros.

Procurado, o Ministério dos Transportes informou que estão sendo verificadas as alegações da Libra a respeito "dos fatos supervenientes que teriam sido motivadores da necessidade da alteração do projeto". As verificações, continuou a pasta, estão sendo feitas por meio da requisição de relatórios junto à Antaq e à Codesp. "Com isso, haverá a validação ou não das argumentações da empresa para a efetiva possibilidade do atendimento a essa mudança de projeto". A Codesp enviou a mesma resposta.

Fonte: Valor, 8/2/2018.

Read Also Other News

Agência Porto
| 26 Abr, 2024

Movimentação no Porto do Pecém cresce 18% no primeiro trimestre deste ano

Read more
Agência Porto
| 26 Abr, 2024

Exportação de açúcar a granel tem alta de 352% nos portos paranaenses em março

Read more
Agência Porto
| 26 Abr, 2024

Principal indutor de emprego, porto Itapoá inaugura ampliação do terminal de contêineres

Read more

How can we help?

Tell us how we can help with one of our services and solutions.

Request a quote

This website uses cookies to personalize content and analyze website traffic. Meet our Privacy Policy.