Maersk Line prevê recuperação lenta para o setor portuário


O transporte marítimo de contêineres no início deste ano mostra que a recuperação do comércio exterior deve ser mais lenta do que o projetado. Para a Maersk Line, líder mundial nesse segmento, a expectativa é de que as importações cresçam menos de 1% e que as exportações se mantenham no mesmo patamar de 2016.

A avaliação vem após o recuo das exportações no quarto trimestre do ano passado, na comparação com o mesmo período de 2015. Ao mesmo tempo, as importações conseguiram crescer praticamente em todas as categorias.

De acordo com a Maersk, no mês passado, o Brasil passou por uma situação melhor do que no mesmo período do ano anterior. Mas a inflação, que atingiu a menor taxa para o mês, e o desemprego tornam o cenário ainda complicado.

“Com o câmbio acima dos R$ 3,00, você pode estimular a demanda por importações sem machucar as exportações, mas se o indicador afundar abaixo dos R$ 3,00, por dólar, os exportadores enfrentarão tempos duros para competir”, afirmou o diretor de Trade Marketing da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul, João Momesso.

Em termos de produtos, as importações voltaram a ser melhores, mas o varejo continua sob pressão. “A importação parou de piorar e a gente consegue ver pequena melhora. A gente acredita que essa melhora marginal vai se manter ao longo do ano. É o efeito de se voltar ao normal, com renovação de estoques. Manaus voltando a ter atividade, mas ainda pouco comparado com o que já teve no Brasil”, destacou Momesso.




Segundo o executivo, mesmo com a discreta retomada das importações, este ano será encerrado com índices que podem ser até 30% inferiores aos verificados em 2015. Já no caso das exportações, com o dólar mais atrativo, a tendência é uma melhora nas operações.

No entanto, neste caso, o problema será a falta de contêineres disponíveis no mercado nacional, por conta da dificuldade de crescimento dos desembarques. “Há um desequilíbrio de contêineres. Se importação não se recupera, acabam os contêineres e a exportação é onerada. A maior parte deles, a gente já tem”, destacou Momesso.




Fim de 2016 




No quarto trimestre do ano passado, as exportações caíram 4,1%, mas as importações cresceram 13,8%, resultando em um crescimento de 2,9% em todo o transporte marítimo do Brasil, de acordo com a Maersk. Momesso adverte que, apesar dos números serem bons, eles partem de uma base de comparação muito baixa em relação aos patamares de anos anteriores.




Nas exportações, a redução foi influenciada pelo enfraquecimento das commodities, principalmente pela soja e pelo algodão, que tiveram uma performance forte e distribuída ao longo de 2016 e não concentrada no quatro trimestre como em 2015.




As maiores quedas foram sentidas na análise das cargas refrigeradas, com recuo de 11% entre outubro e dezembro. Carne bovina, frango, peixes, frutas e vegetais estão na lista de produtos que tiveram redução nos embarques. Já entre as cargas secas, a queda foi de 1,7%.




De acordo com levantamento realizado pela Maersk, nas importações, houve a retomada dos estoques entre fabricantes de veículos, após a produção se recuperar em Manaus. Na contramão, o varejo manteve a queda de 1,5% nas importações de manufaturados

Cenário favorece acordos

Diante das incertezas relacionadas às políticas econômicas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o momento é propício para que os países discutam acordos comerciais, com o objetivo de incentivar o transporte internacional de mercadorias.

A opinião é do diretor de Trade Marketing da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul, João Momesso. “A parte positiva dessa conversa é que muitos países voltaram a colocar em pauta acordos comerciais”, disse.

Para o executivo, o Brasil tem poucos acordos comerciais, comparado com outros países. Mas uma mudança neste cenário pode aumentar as trocas comerciais.

“Na Maersk, a gente acredita em comercio mundial e acordos vêm a favorecer. Ao longos dos anos, o desenvolvimento de países foi acelerado pelo comércio de produtos e por acordos comerciais”, destacou Momesso.

Logo na primeira semana de seu mandato, o presidente Trump cancelou, por meio de decreto, a participação dos Estados Unidos do Tratado Transpacífico de Comércio Livre (TPP, sigla em inglês), o mais importante acordo internacional assinado pelo ex-presidente Barack Obama. Ele era destinado a estabelecer novas bases para as relações comerciais e econômicas de 12 países do Oceano Pacífico.

O posicionamento norte-americano no mercado global vai obrigar os países que têm comércio forte a reavaliar suas estratégias.

Fonte: A Tribuna, 24/2/2017.

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