Previstas originalmente para serem entregues no final deste ano, as obras da Avenida Perimetral da Margem Direita do Porto de Santos entre o Macuco e a Ponta da Praia seguem em ritmo lento. Até agora, apenas 27,3% dos trabalhos foram concluídos. A previsão, agora, é de que eles sejam entregues em julho de 2020. Por conta disso, a Cappellano, empresa contratada para o serviço, já recebeu diversas multas da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que supervisiona o projeto.
Esta etapa da Perimetral é aguardada porque deverá acabar com um dos principais conflitos na relação Porto-Cidade, que é o tráfego intenso de caminhões em direção aos terminais da Ponta da Praia, em Santos. O empreendimento envolve a revitalização dos 3,5 quilômetros da Avenida Mário Covas, a antiga Avenida dos Portuários, que passa ao lado da zona portuária do Canal 4 e segue até o Mercado de Peixe.
A autorização para a ordem de serviço foi expedida em fevereiro de 2016, quase um ano após a conclusão da licitação para a contratação da obra. Cerca de sete meses antes, a extinta Secretaria de Portos (SEP) disponibilizou apenas R$ 10 milhões para os trabalhos, mas os recursos não foram utilizados, pois a obra ainda não contava com licenciamento ambiental.
Segundo a Codesp, até o mês passado, foi autorizado o pagamento de R$ 19,7 milhões à construtora. O valor total dos trabalhos é de R$72,4 milhões.
O contrato firmado com a Cappellano em 27 de outubro de 2015 previa que as obras fossem concluídas em 23 meses. Mas, em abril, o prazo foi dilatado e a construtora garantiu o total de 32 meses para a conclusão dos serviços.
Obras paradas prejudicam logística dos terminais do complexo marítimo (Foto: Vanessa Rodrigues/AT)
Mas, segundo a Autoridade Portuária, mesmo com essa extensão, a empresa foi multada por diversas vezes “devido tanto aos atrasos de cronograma, quanto às paralisações de mão de obra”.
Conforme apurou a Reportagem, a construtora Cappellano enfrentou problemas financeiros que a impediram de dar andamento às obras da Avenida Perimetral.
Intervenções
A obra foi dividida em três partes. A primeira é a construção do viaduto e dos pontilhões ferroviários. Em seguida, está previsto o remanejamento de interferências e a revitalização da Avenida Mário Covas.
Já a terceira parte será a readequação da atual Avenida Ismael Coelho de Souza (dentro da área portuária), com a relocação dos ramais ferroviários, que estão entre os armazéns e serão transferidos para a região entre os galpões e a avenida.
Em relação ao viaduto, a alça de entrada parte do terreno antes ocupado pela empresa de transportes Lloydbratti, na pista sentido Ponta da Praia, da avenida Mário Covas. Ele passará sobre o Pátio de Contêineres do Armazém XXXVI, até atingir o trecho atualmente ocupado pelo pátio ferroviário e pela Avenida Ismael Coelho de Souza, que se tornará área adensada às instalações da Libra Terminais.
O viaduto de saída segue contíguo ao de entrada, saindo da área interna do Porto e fazendo o desemboque na pista da Avenida Mário Covas, sentido Macuco.
Com a implantação desse complexo de viadutos será segregado o tráfego rodoviário entre veículos de contêineres e de grãos e farelo. O equipamento terá duas faixas de rolamento em cada sentido e vão com altura de 6,75metros.
Todo o tráfego que segue em direção à Libra Terminais será absorvido pelos viadutos, mantendo-se na avenida Mário Covas o trânsito dos veículos que demandam ao Corredor de Exportação. A via passará por uma completa reurbanização, com reforma do pavimento, nova iluminação e paisagismo, enquanto a avenida interna será mantida desde as instalações da Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP) até o Armazém 33.
A Cappellano foi procurada, mas não respondeu às questões da Reportagem.
Fonte: A Tribuna, 12/12/2018.