Segunda edição da pesquisa de participação feminina no setor aquaviário é divulgada
As mulheres representam 17,8% do total de empregos no setor portuário brasileiro, um aumento de 0,5 pontos percentuais em relação a 2022. Os dados são da 2ª Pesquisa sobre Equidade de Gênero no Setor Aquaviário de 2024, elaborada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ).

O levantamento foi divulgado na manhã desta terça-feira (29), no evento “Women on board: Lideranças e Equidade no setor aquaviário”, realizado na sede do Grupo Tribuna, em Santos (SP). Segundo os dados, em relação a 2022, a proporção de mulheres aumentou nos cargos de gerência de 22,5% para 25%. Já nos cargos de direção, houve queda de 16,7% para 15%.

A iniciativa é fruto do Acordo de Cooperação firmado entre a ANTAQ e a Women’s International Shipping and Trading Association – WISTA Brazil, em 2022. Com atualização bienal, a pesquisa teve sua primeira edição em 2023 e, agora, em 2025, apresenta uma nova leitura sobre a presença das mulheres em um setor estratégico da economia brasileira.

Acesse o Painel dos Resultados da Pesquisa de Equidade de Gênero

Aprimoramento de políticas

A coleta e publicação dos resultados têm como objetivo aprofundar o conhecimento do setor aquaviário sobre seus trabalhadores. Além disso, a pesquisa poderá ser usada como referência pelas empresas do setor para aprimoramento de políticas voltadas para a equidade de gênero.

A diretora da ANTAQ Flávia Takafashi, que fez a abertura do evento e apresentou os dados, destacou as novidades da pesquisa. “Temos novos recortes, dando destaque à participação de mulheres nos conselhos das autoridades portuárias e nos conselhos de administração das empresas”. 

“Com a divulgação da pesquisa, estamos reforçando o acompanhamento da Agência sobre a participação de mulheres no setor. Atitude alinhada às políticas da Organização Marítima Internacional e com o relatório do Banco Mundial, que trata da necessidade do fortalecimento de alguns setores estratégicos para a economia, a necessidade de participação de mais pessoas gerando esse mercado e as mulheres entraram como forma de fortalecer esses segmentos”, explicou a diretora.

Além da diretora Flávia Takafashi, a divulgação contou com a presença da secretária executiva do Ministério de Portos e Aeroportos, Mariana Pescatori, e da superintendente de ESG e Inovação da ANTAQ, Cristina Castro, que lidera as iniciativas da Agência voltadas ao fortalecimento da agenda ESG e à promoção da equidade de gênero no ambiente regulado.

Também estiveram presentes Ingrid Zanella, presidente da OAB-PE e uma das principais vozes femininas na advocacia especializada em direito marítimo; Sandra Comodaro, cofundadora do grupo Conselheiras, que atua para ampliar a presença de mulheres em conselhos de administração; e Eliana Ottaviano, referência nacional em direito marítimo e autora de obras fundamentais para a área, incluindo o recém-lançado tratado sobre o tema.

Participação feminina

Nesta edição da pesquisa, foram adicionadas informações sobre a participação feminina nos Conselhos de Administração das empresas e nos Conselhos de Autoridade Portuária (CAPs) nos portos brasileiros.  

Os Conselhos de Administração estão presentes em 47,8% das empresas que responderam à pesquisa de 2024, com participação feminina de 16,8%. Por sua vez, os CAPs, presentes em todos os portos públicos, são compostos por somente 8,4% de mulheres.

A pesquisa também diferenciou cargos operacionais, com 10% de participação feminina, e cargos administrativos, com 40%.

Outro dado levantado é em relação à participação por tipos de empresas do setor. As Empresas Brasileiras de Navegação (EBNs) de cabotagem de contêineres têm o maior percentual de mulheres em cargos de direção (31,2%) e o segundo maior no agregado de todos os cargos (26,1%).

As autoridades portuárias, embora apresentem a maior presença feminina no total de cargos (26,3%), registram baixa participação em cargos de direção (12,5%). A navegação interior é o subsetor com menor representatividade feminina, tanto no total de cargos (10,1%) quanto nos cargos de direção (5,6%).

Acesse a apresentação com os resultados da pesquisa

Tendência global

Os dados brasileiros não são muito diferentes dos números globais. De acordo com dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em 2024, as mulheres ocupavam 17,7% das vagas no setor portuário mundial. 

A participação feminina é significativamente menor nas funções operacionais e de movimentação de cargas. Os números destacam a necessidade de políticas estratégicas para melhorar a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”.

Equidade na ANTAQ

O levantamento também trouxe um panorama da equidade de gênero dentro da ANTAQ. De acordo com os dados, dos 389 servidores da Agência, 26% são mulheres. Dentre as servidoras, 2% ocupam cargos de diretora/superintendente, contra 3,5% de homens. Nos cargos de gerência/assessoramento, a participação feminina aumenta para 37,6% frente a 36,5% dentre os homens.

Como forma de incentivar o avanço da presença feminina no mercado aquaviário e marítimo, a ANTAQ tem promovido ações como ofertar, desde 2008, o Curso de Gestão Portuária exclusivamente para mulheres, realizado anualmente em Le Havre, na França; e a criação da assistente virtual (Iara) que está programada para acolher e orientar vítimas de assédio.

A Agência também lançou, no início de 2024, o Guia de Enfrentamento ao Assédio no Setor Aquaviário, um manual de boas práticas para combater o assédio contra mulheres que trabalham nos portos e na navegação brasileira focado em impulsionar protocolos que fortaleçam o setor aquaviário bem como o crescimento do País.

Recrutamento e equidade

A pesquisa também investigou a adoção de políticas de equidade nos processos de recrutamento das empresas. Em 2024, 52,5% afirmaram adotar ao menos uma política de equidade de gênero – uma queda expressiva em relação aos 90,8% registrados em 2022.

Além disso, 37,3% das empresas afirmam assegurar a igualdade salarial, frente a 68,6% em 2022; e 34,5% adotam políticas de orientação sobre igualdade de gênero, em 2022 esse percentual era de 35,6%.

Terminais Autorizados são as empresas que mais adotam políticas de equidade de gênero (78,7%), seguidos pelos arrendatários (55%) e das empresas de cabotagem (53,8%). Por sua vez, as autoridades portuárias apresentaram o menor índice (22,2%).

O levantamento incluiu ainda perguntas abertas sobre políticas de combate ao assédio, promoção da diversidade e programas de inclusão social. Das respondentes, 76,9% das empresas afirmam adotar políticas de combate ao assédio e 54,1% aplicam medidas específicas para aumentar a diversidade.

Read Also Other News

Agência Porto
| 11 ago, 2025

Ministro Silvio Costa Filho assina ordem de serviço para dragagem do Porto de Natal e anuncia novos investimentos no Rio Grande do Norte

Read more
Agência Porto
| 11 ago, 2025

Santos Brasil movimenta 135 mil contêineres no Tecon Santos em julho e bate novo recorde histórico

Read more
Agência Porto
| 11 ago, 2025

Governo de São Paulo assina aditivo para novo acesso ao Porto de São Sebastião

Read more

How can we help?

Tell us how we can help with one of our services and solutions.

Request a quote

This website uses cookies to personalize content and analyze website traffic. Meet our Privacy Policy.