O Porto de Santos atingirá a marca de 280 milhões de toneladas movimentadas em 2060, 115% a mais do que os 129,65 milhões de toneladas registrados no ano passado. Será um crescimento gradual – em 2021, chegará a 152 milhões; em 2025, 164 milhões; e em 2029, 178 milhões de toneladas. E com esse aumento, em 24 meses, haverá o esgotamento dos acessos rodoviários ao complexo marítimo. A projeção, seguindo a tendência dos últimos anos (descartando cenários econômicos pessimistas e otimistas), integra o estudo preliminar do Plano Mestre do cais santista, que foi apresentado pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária) na tarde desta quinta-feira (22), em Santos.
O Plano Mestre é um instrumento de planejamento de um porto, com projeções de seu desenvolvimento e de suas operações. A nova versão, que começou a ser elaborada em março do ano passado, irá trabalhar com as demandas do complexo marítimo para 2045, apesar de suas projeções irem até 2060.
O trabalho é feito a partir da parceria entre o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (MTPAC) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio de seu Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans). O Plano Mestre ainda passará por um processo de consulta pública e ajustes para ser validado.
O objetivo dessa parceria é melhor operacionalizar os portos brasileiros e garantir o escoamento de toda a produção nacional. A ideia é que, em Santos, o trabalho, quando concluído, possa determinar não só o potencial de crescimento do cais e das instalações, mas também o tipo de carga a ser movimentada em cada parte do complexo.
Sobre o tráfego rodoviário no Porto, o estudo apresenta um cenário preocupante. Conforme A Tribuna revelou na edição de ontem, ao antecipar dados da pesquisa, em 2020, o acesso à Margem Direita do cais santista estará comprometido em horários de pico. Na apresentação dessa quinta-feira, esse cenário foi apresentado pelo responsável técnico do Plano Mestre na Labtrans, Tiago Buss.
Na Margem Esquerda (Guarujá), o esgotamento vai acontecer cinco anos depois, em 2025. O Plano Mestre aponta ainda que, com a previsão de aumento da movimentação de cargas no complexo santista, em 2045, os acessos ao Porto serão considerados muito ruins.
“Nós precisamos melhorar a infraestrutura. Algumas obras já estão detectadas e nós estamos fazendo esse trabalho. Essa demonstração do Plano Mestre é para mostrar que temos alguma deficiência, temos que enfrentar esses problemas e resolver num curto prazo, de três a quatro anos. Nós não temos tempo para ficar discutindo soluções mágicas. Temos que ter o pé no chão e resolver os problemas de hoje para não ter os gargalos daqui a três anos”, destacou o diretor-presidente da Codesp, José Alex Oliva, presente na apresentação.
O executivo se refere ao projeto de um novo acesso rodoviário ao Porto, cuja contratação do projeto-executivo deve ocorrer no próximo mês, conforme anunciado pelo ministro dos Transoortes, Portos e Aviação civil, Maurício Quintella, no último dia 2, em visita à Cidade.
Equilíbrio
A versão preliminar do Plano Mestre aponta ainda a necessidade de um maior equilíbrio na matriz de transportes no cais santista. Para o presidente da Autoridade Portuária, além de uma maior utilização do modal ferroviário, o projeto de exploração da hidrovia aliviará a demanda rodoviária.
“No dois últimos anos, nós conseguimos fazer um sincronismo entre os modais rodoviário e ferroviário e não tivemos as filas tradicionais de caminhões, os conflitos e o desconforto que traz à Cidade. Lançamos o modal hidroviário que, com certeza, vai trazer um alívio dessa demanda e os pontos que foram mostrados como preocupantes já terão uma resposta quase que imediata com a inclusão do modal hidroviário no sistema. Isso vai trazer também vantagens na lista de espera dos navios, porque você vai ter mais oferta de carga, menos tempo de espera e mais eficiência no cais”, afirmou Oliva.
Investimentos
O diretor de Planejamento e Logística do MTPAC, Rossano Reolon, que também é presidente do Conselho de Autoridade Portuária (CAP) de Santos, aponta que, com o Plano Mestre, os investimentos públicos poderão ser direcionados aos pontos que merecem maior atenção do Governo Federal.
“A recomendação é analisar os pontos críticos que foram analisados no estudo, como a falta de capacidade de instalações, para que o Governo Federal consiga alocar os recursos de forma correta, ou seja, objetivando sempre um crescimento e não expandindo um gasto desnecessário, por exemplo”.
Fonte: A Tribuna, 23/2/2018.